Pesquisadores fotografam pela primeira vez filhote de tatu-canastra
Uma equipe de pesquisadores registrou no Pantanal o que dizem ser as primeiras imagens já feitas de um filhote de tatu-canastra (Priodontes maximus).As fotos inéditas do animal foram feitas na Fazenda Baía das Pedras, no município de Aquidauana, no Mato Grosso do Sul.
Desde novembro de 2011, a equipe do Projeto Tatu-Canastra Pantanal monitora uma fêmea adulta da espécie com ajuda de radiotelemetria e armadilhas fotográficas.
Tatu e filhote são vistos saindo da toca (Foto: Pantanal Giant Armadillo Project/Fazenda Baía das Pedras)
A fêmea continuou com seu comportamento e alimentação normais até que, em novembro do ano passado, os hábitos do mamífero mudaram. Em vez de mudar de toca periodicamente, como de costume, o animal começou a reutilizar a mesma toca por mais de 30 dias.
A partir daí, a equipe de pesquisadores começou a monitorar o local mais de perto, até que, três semanas depois, as armadilhas fotográficas conseguiram capturar o focinho do filhote quando a fêmea entrava em casa.
Fotos
inéditas do tatu-canastra foram feitas na Fazenda Baía das Pedras, em
Aquidauana, no Pantanal sul-matogrossense (Foto: Kevin Schafer/Pantanal
Giant Armadillo Project/Fazenda Baía das Pedras )
A primeira foto de corpo inteiro do filhote foi tirada cerca de quatro semanas após o nascimento dele, quando os dois animais mudavam de toca e o filhote seguiu a mãe por aproximadamente 200 metros.
"Documentar o nascimento de um filhote de tatu-canastra é um passo extraordinário, que nos ajudará a compreender a biologia e reprodução dessa espécie tão enigmática, para que finalmente possamos conservá-la", afirmou Arnaud Desbiez, coordenador do Projeto Tatu-Canastra Pantanal.
Os cientistas já haviam observado rastros de um tatu-canastra adulto seguido de outro menor, o que, de acordo com eles, potencialmente confirma a gestação de apenas um filhote por vez.
No entanto, os pesquisadores ainda não sabem, por exemplo, qual é o intervalo entre uma gravidez e outra.
"Isso ilustra a importância de estudos de longo prazo e a necessidade de árdua dedicação da equipe, a fim de obter as informações cruciais para a conservação de espécies raras", disse Desbiez.
Vulnerável
O tatu-canastra pode chegar a 1,5 metro (da cabeça à cauda) e pesar cerca de 50 quilos. Ele tem hábitos noturnos e enormes garras, que podem chegar a medir 20 centímetros.
O habitat desse animal está espalhado por toda a América do Sul. Ele é encontrado em florestas tropicais e também no cerrado, mas seu comportamento reprodutivo ainda é pouco conhecido.
A espécie está classificada como "vulnerável" pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em Inglês). A queda da população do tatu-canastra pode estar associada à perda de seu habitat natural.
Os pesquisadores do projeto relatam que a maior parte dos moradores da área onde se concentram os estudos do tatu-canastra – muitos deles nascidos e criados na região – nunca viu o animal, acreditando que ele já estava extinto.
O Projeto Tatu-Canastra Pantanal teve início em julho de 2010, na Fazenda Baía das Pedras, e é uma parceria com a ONG escocesa Royal Zoological Society of Scotland, além da ONG brasileira Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê) e outras instituições em vários países.
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